cafeteira passava o melhor café de Maringá enquanto, ao redor da mesa central do escritório da B42, conversávamos sobre o futuro da Educação a Distância. Falávamos sobre o EducaBox, os desafios da Editora B42 e o avanço das novas tecnologias. O clima agradável daquela manhã de quarta-feira ficou ainda melhor após a entrega dos pães quentinhos que havíamos pedido pelo aplicativo.
O papo fluía de maneira informal e curiosa. Temas sobre futuro são interessantes, ainda mais quando envolvem a área profissional em que atuamos. Enquanto Juninho perguntava ao Rafael se o café já estava pronto, Thayla, Jhonny e a professora Karina conversavam sobre o ChatGPT e o Midjourney.
A revolução que as inúmeras inteligências artificiais (IA) estão provocando não pode ser medida no momento, mas sabemos que o grande impacto já causado nos mostra que é um caminho sem volta. A chegada de diversas ferramentas de Inteligência Artificial tem assustado alguns professores e profissionais da área da educação, que temem o avanço dessas novas tecnologias.
Atento ao desenrolar do assunto, resolvi fazer uma pergunta para a professora Karina:
— Professora, você acredita que as IAs podem substituir algumas funções dos docentes? Serão ferramentas que auxiliarão os professores ou substituirão o educador do EaD?
Ela me olhou e respondeu com convicção:
— Eu acredito que a Inteligência Artificial vai substituir as tarefas mais burocráticas do professor, mas não vai substituir as suas principais funções, principalmente aquelas que se relacionam ao seu contato direto com os estudantes. Vejo que as Inteligências Artificiais, sejam elas preditivas ou generativas, podem ajudar os professores a criar objetos de aprendizagem mais customizados e personalizados para seus alunos.
Jhonny, que havia se levantado para pegar um café sem açúcar, sentou-se novamente e perguntou para a Professora sobre um tema muito importante: a resistência do uso de IA por alguns docentes.
— Karina, eu sempre escuto que alguns professores não estão muito contentes com essas novas tecnologias. Isso é verdade?
— Contentes eu não sei, mas existe sim uma resistência de alguns professores, principalmente daqueles que ouviram informações negativas sobre as IAs e não tiveram, ainda, a oportunidade de experimentarem as ferramentas.
— Na verdade, às vezes, tudo que é novo assusta, né? — comentei.
— Sim, o novo e essa tendência de que a IA possa trazer coisas ruins, principalmente pelo imaginário distópico ao qual a Inteligência Artificial é retratada nos cinemas.
Como filho de professores, lembrei da correria e pouco tempo que meus pais tinham durante o dia, pois, após as rotinas da escola, precisavam trabalhar em casa preparando as aulas da semana e corrigindo provas. Diante dessa recordação, perguntei sobre os desafios que os professores teriam que enfrentar para se familiarizar com essas novas tecnologias.
— Karina, qual seria, então, o maior desafio que os professores enfrentam ou enfrentarão para integrarem a IA em seus processos de ensino?
— Veja bem, analisando o nosso contexto atual, acredito que o acompanhamento de profissionais para orientá-los a utilizar de maneira eficaz e a falta de tempo para a realização de capacitações e formações profissionais sobre o tema são os maiores desafios que estamos enfrentando.
Enquanto terminava de passar manteiga no pão, Thayla lançou um novo questionamento para enriquecer a conversa:
— Professora, existe a possibilidade da perda de qualidade pedagógica?
— Boa pergunta, Thayla. Eu acredito que os professores que consigam ter alta performance e obter essa qualificação, conseguirão um ganho na qualidade pedagógica, mas sim, pode haver perda da qualidade pedagógica quando houver profissionais que não dominam de forma efetiva ou de forma adequada, fazendo um mau uso dessas ferramentas na sua prática pedagógica.
Juninho, que já tomava o seu quarto copo de café, complementou:
— É importante dizer também que uma das tendências é o desenvolvimento de habilidades pelos professores relacionadas à neurociência da aprendizagem, ou seja, entenderem cada vez mais o comportamento humano e a psicologia, para se conectarem de maneira cada vez mais assertiva com seus estudantes.
Após ouvir a opinião do Juninho sobre o tema, a professora Karina complementou.
— Podemos dizer que a formação dos futuros professores precisa ser adaptada não só para incluir novas habilidades tecnológicas, mas também para abranger outros tipos de letramento, como os ambientais, de futuros e digitais. Os professores precisam conhecer cada vez mais sobre os processos de ensino e aprendizagem. Para isso, uma revisão dos currículos das licenciaturas é fundamental, de modo a conectar a formação dos professores aos novos desafios sociais em que estão inseridos.
De fato, com o crescente uso de IA na educação, a formação de futuros professores deveria ser adaptada para incluir habilidades tecnológicas mais avançadas. Porém, todas essas questões que levantamos ainda estão em aberto, e muitas novidades certamente surgirão nos próximos anos, pois, como mencionei no início, as IAs são um caminho sem volta.
A primeira remessa de café já havia acabado, e Jhonny, sem hesitar, decidiu preparar mais um pouco para mantermos a energia até a chegada do almoço. Nesse meio-tempo, Juninho nos lembrou que faltavam apenas cinco minutos para a Daily, o que nos fez rapidamente nos dispersar. Cada um voltou para seu computador, revisando os últimos detalhes com calma, enquanto o aroma do café fresco começava a preencher o ambiente.
O assunto é cativante e poderíamos passar horas conversando, mas o dever nos chamou e um novo dia de jornada nos esperava. Gostamos do que fazemos e, todos os dias, buscamos conectar professores e alunos, oferecendo conteúdos e tecnologias que enriquecem, de maneira inteligente, cultural e pessoal, a vida daqueles que escolhem o caminho do aprendizado.
Marcus Almeida Machado.