preciso refletir sobre os dois anos de pandemia quando os estudantes passaram grande parte do tempo no sistema de aprendizagem remoto, impactando, diretamente, na motivação para o estudo. Além disso, houve uma mudança na forma como eles mesmos percebem o aprender. A autoconfiança na sua capacidade de compreender conceitos, de se sentir capaz e bem-sucedido, especialmente em avaliações, foi abalada, inclusive, em quem tem histórico de bom desempenho.
Quando olhamos mais de perto para o conceito de motivação, compreendemos o quão complexo pode ser conectar o estudante a um processo de ensino e aprendizagem engajante. Segundo o psicólogo McGrew, as crenças automotivacionais, por exemplo, são capazes de influenciar nossa capacidade de sentir, motivar e se engajar no aprender. Desta forma, antes mesmo de pensarmos nas experiências que queremos promover, é necessário entender as crenças que os estudantes têm de si mesmo e como eles percebem sua relação com a aprendizagem, especialmente no atual cenário de retorno.
Assim, veja algumas ideias para pensar sobre motivação na sala de aula:
- Conheça os principais impulsionadores dos discentes, se são internos ou externos
- Reconheça as crenças dos estudantes sobre seu potencial de aprender.
- Explore o interesse dos estudantes pelo conteúdo.
- Oriente-os a criarem um plano de ação para chegar aos objetivos de aprendizagem.
- Conecte-os com o conhecimento, com o futuro, tornando o aprender divertido e desafiador.
O autoconhecimento, a capacidade de autorregulação e de compreensão dos ritmos de aprendizagem são fundamentais para garantir a motivação ao aprender. Associado a um ambiente seguro e a experiências que valorizem a conexão com o mundo real, tornarão o conhecimento potencializado.
“Professores precisam reconhecer a necessidade de mudança e de ressignificação da docência. Mas, para isso, também precisam ser apoiados. As escolas e as instituições, ao desenharem novos modelos de ensino e aprendizagem, devem envolver os docentes, desde a concepção até a implantação”.
As tecnologias digitais impulsionaram o aprendizado durante a pandemia. Professores que viviam experiências mais analógicas, com pilhas de provas e atividades impressas, passaram a utilizar os sistemas digitais otimizando, inclusive, seu trabalho. Atualmente, há muitos recursos gratuitos que podem ser utilizados pelos docentes para potencializar a retenção do estudo, no entanto, é preciso lembrar que eles precisam atender a uma intencionalidade pedagógica, ou seja, ter claro que toda ferramenta cumpre um objetivo no processo educativo e, como consequência, na formação do estudante.
Quando a escolha dos recursos tecnológicos está alinhada com o propósito de formação, os resultados serão mais efetivos. Nesse caso, no planejamento, o professor determina os objetivos do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, o que se espera que os estudantes possam alcançar para, assim, definir quais instrumentos podem auxiliar. Desta forma, o docente precisa planejar e selecionar diferentes recursos digitais e os aplicar em diversas experiências educacionais, gerindo o aprendizado a partir da tecnologia e de sua implementação eficiente.
Conhecer, selecionar, dominar e utilizar, de forma autônoma e dinâmica, os recursos tecnológicos, a favor do processo de ensino-aprendizagem é uma das competências do docente neste novo cenário. Pressupõe-se que ele os utilize para resolver problemas reais da sala de aula, de maneira customizada, personalizada e ágil. Nesse sentido, professores precisam reconhecer a necessidade de mudança e de ressignificação da docência, mas, para isso, também devem ser apoiados. As escolas e as instituições, ao desenharem novos modelos de ensino, devem envolvê-los, desde a concepção até a implantação. Há muitos professores que se esforçam, cotidianamente, para pensar em como fazer aulas melhores, porém nem sempre conseguem feedbacks assertivos ou direcionados sobre como melhorar.
Boas práticas merecem ser valorizadas e reconhecidas, e os docentes precisam ser sensibilizados de que estar na sala de aula exige aprender constante, seja com formação continuada, com apoio da coordenação pedagógica, ou compartilhando suas experiências com outros colegas. Se desejamos professores mentores, que atuem de forma personalizada com o estudante, também devemos oferecer formação que reflita o mesmo modelo.