e acordo com o levantamento mais recente, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Anual 3º Trimestre 2022, o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, que equivale a 8,9% da população do país. Deste universo, a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência entre 15 anos ou mais é de 19,5%; enquanto entre pessoas sem deficiência e mesma faixa etária, o percentual é de apenas 4,1%. Este é um dos vários indicadores de que ainda há muito a ser feito pela educação inclusiva em nosso país, apesar de termos assistido avanços em inúmeras áreas da Educação.
Entre as 18,6 milhões de pessoas com deficiência, há apenas 0,8% de estudantes matriculados no Ensino Superior, segundo o último Censo do INEP (2022b). Assim como observado na Educação Básica, temos percebido evoluções no Ensino Superior. Mas, apesar do crescimento contínuo das matrículas dos estudantes com deficiência nos últimos 10 anos, que corresponde a um aumento de quase 200%, ainda há muito o que fazer pela inclusão dos estudantes com deficiência no que diz respeito a garantir não somente o acesso, mas também a permanência e conclusão em um curso superior.
Os avanços da inteligência artificial, por outro lado, têm contribuído para a diminuição das barreiras comunicacionais. O relatório da UNESCO, sobre oportunidades e desafios da inteligência artificial (IA) para educação superior, traz vários exemplos ao redor do mundo de como a IA está apoiando a inclusão de pessoas com deficiência a partir da descrição de imagem e legendas em tempo real, tradução em língua de sinais, simplificação de textos para pessoas com dislexia ou dificuldades de compreensão.
Recursos de acessibilidade já são utilizados em muitos ambientes virtuais e em materiais como e-book e vídeos, promovendo experiências focadas no Design Universal para a Aprendizagem (DUA), favorecendo o aprendizado multimodal para estudantes que não, necessariamente, possuam alguma deficiência ou transtorno diagnosticado, mas tenham diferentes estilos e preferências por aprender.
Para as pessoas sem deficiência a tecnologia torna as coisas mais fáceis. Para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis — Mary Pat Radabaugh
A variabilidade na disponibilidade de recursos e o nível de apoio entre diferentes instituições de ensino sugere uma necessidade contínua de melhorias e investimentos na área de educação inclusiva. Para avançar, é essencial que as instituições continuem a desenvolver e expandir suas infraestruturas de apoio, garantindo que todos os alunos tenham igual acesso às oportunidades educacionais.
Nosso compromisso ainda é contribuir para que outras barreiras sejam rompidas, principalmente quando a essa se associam outras questões de interseccionalidade, ampliando a desigualdade e a exclusão de estudantes com deficiência.
Neste sentido, o desafio está na promoção de ações permanentes que possam não somente acolher e favorecer o processo de aprendizagem, mas também eliminar barreiras arquitetônicas, metodológicas, comunicacionais e atitudinais como prática em todas as instituições de ensino.
Investimento em tecnologia e novos recursos de acessibilidade são importantes, assim como atuar no desenvolvimento docente para que a experiência de aprendizagem de estudantes com deficiência possa, não somente ser possível, mas também efetiva. Viva a inclusão! Neste link você tem acesso a um guia para ajudar professores a desenvolver estratégias para inclusão dos alunos com deficiência na escola e universidade.
Referências:
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 nov. 2023.
BRASIL. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1994.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2023.
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo Escolar da Educação Básica 2022: notas estatísticas. Brasília, DF: Inep, 2023.
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo da Educação Superior 2022: notas estatísticas. Brasília, DF: Inep, 2023.
UNESCO. Oportunidades e desafios da inteligência artificial(IA)para educação superior. Paris: UNESCO, 2021.