andragogia diz respeito às abordagens e estratégias do ensino de jovens e adultos. Literalmente, entendemos a andragogia como a arte de ensinar adultos, tendo sua origem nos estudos do educador Malcolm Knowles, que se empenhou em estudar a maneira como adultos aprendem e dessa forma, indicando abordagens mais efetivas que garantisse o sucesso docente com adultos.
Segundo estudos desenvolvidos pelo educador os adultos deveriam ser participantes ativos para desenvolver sua própria aprendizagem, considerando que aprendem de maneira diferente das crianças e dessa maneira o professor assume o papel de facilitador no processo de ensino e aprendizagem (KNOWLES, 2011). Pode-se observar que habitualmente as práticas docentes repetem modelos pedagógicos, por vezes apenas fazendo adaptações de estratégias e abordagens para as características do público-alvo. Estas adaptações têm como base a prática exercida para o ensino de crianças e podem não atender às necessidades ou aos anseios que os adultos têm no processo de aprendizado.
Esclarecendo sobre andragogia
A proposta da andragogia é vista como a arte de auxiliar adultos a aprender, desenvolver suas habilidades cognitivas durante o processo de aprendizagem. Compreende-se a ideia defendida por Cronbach (1963, p.71), que afirmou: "a aprendizagem é mostrada por uma mudança de comportamento como resultado da experiência”, e partindo deste entendimento, que se constitui a proposta da andragogia como uma abordagem de ensino onde se considera o saber de quem aprende, uma vez que este, sendo adulto, traz consigo experiências que lhe serão úteis na elaboração de conceitos e inferência de ideias.
O aluno e o professor são indivíduos na mesma faixa etária e que (provavelmente) têm a mesma experiência de vida. (BECK, 2015)
Ao falar sobre estilos de aprendizagem, Andrea Filatro (2014), descreve conceitos que a andragogia considera importantes, como fatores influenciadores do processo de ensino e aprendizagem de adultos. Considerando que os conceitos andragógicos contemplam alguns pressupostos na construção da aprendizagem do indivíduo adulto, faz-se necessário comentar aqui tais princípios. Sendo eles:
- A necessidade de saber – para que a aprendizagem seja efetiva para o adulto, este necessita compreender a razão pela qual irá aprender algo. Despender tempo e atenção diante de uma proposta educacional contempla a necessidade de avaliar benefícios de tal empreendimento, ou seja, o adulto avalia vantagens e desvantagens de se aprender algo, bem como as possibilidades negativas, caso não assimile tal conhecimento.
- Autoconceito – pessoas adultas se compreendem com autonomia e isso se reflete também nas situações de aprendizagem. Dessa forma, torna-se necessário que o aprendiz adulto seja tratado como capaz de se autodirigir.
- Experiência – as experiências que constituem a vida de um adulto fazem com que haja necessidade de que as abordagens de aprendizagem estejam voltadas para a consideração das mesmas e promovam-se discussões onde sejam contempladas. Diante disso, a abordagem de conteúdos por meio de resolução de problemas, estudos de caso ou simulações, tornam-se mecanismos eficientes e eficazes para o desenvolvimento da aprendizagem adulta.
- Prontidão para aprender – ao perceber que aquilo que está sendo proposto como desafio de aprendizagem, tem efeito sobre situações cotidianas, a possibilidade de engajamento, por parte do aluno adulto, torna-se bem maior.
- Motivação – os adultos são motivados a aprender por razões distintas de alunos infantis. Questões como promoções, conquista de melhores condições de remuneração fazem parte da aprendizagem adulta, porém, os fatores motivacionais mais poderosos são os intrínsecos, como o desejo de obter maior satisfação no trabalho, maior autoestima e qualidade de vida.
Sendo assim, tem-se o entendimento de que a andragogia não se opõe à pedagogia, mas que busca elucidar, em diferentes fases da vida humana, o processo de ensino e aprendizagem que se dá de maneira distinta.